Uma plataforma inovadora de inteligência artificial (IA) tem demonstrado potencial para prever a propagação do câncer de cabeça e pescoço, oferecendo uma nova ferramenta para médicos tomarem decisões mais informadas no tratamento desses pacientes. Desenvolvida por pesquisadores com o apoio da Fundação R&E, a tecnologia é capaz de analisar tomografias computadorizadas (TC) antes do tratamento, identificando com precisão a presença de câncer extranodal, algo que até então só poderia ser diagnosticado após a remoção e análise dos linfonodos.
Desenvolvimento da doença
O carcinoma de células escamosas, que se desenvolve nas superfícies mucosas da boca, garganta e outras áreas da cabeça e pescoço, tem apresentado um aumento significativo nos últimos anos, impulsionado principalmente pelo câncer orofaríngeo associado ao vírus do papiloma humano (HPV). Uma das principais dificuldades no tratamento desse tipo de câncer é identificar a extensão do tumor, especialmente quando ele se espalha para fora dos linfonodos, um fator que pode piorar o prognóstico e exigir tratamentos mais agressivos.
Diagnóstico
Atualmente, o diagnóstico definitivo de extensão extranodal só pode ser feito após a remoção cirúrgica dos linfonodos. No entanto, o algoritmo de IA desenvolvido pelo Dr. Benjamin H. Kann e sua equipe, treinado para analisar imagens de TC, foi capaz de prever essa condição antes da cirurgia, superando radiologistas experientes em diversas situações. Isso tem implicações significativas para a escolha do tratamento mais adequado, incluindo a seleção de pacientes para cirurgia e a participação em ensaios clínicos.
Em um estudo recente publicado no Lancet Digital Health, o algoritmo foi testado em pacientes com carcinoma orofaríngeo associado ao HPV, extraídos de um ensaio clínico multinacional. O algoritmo superou quatro radiologistas certificados na detecção de extensão extranodal, com uma sensibilidade de 75%, aumentando para 90% em certos casos.
O próximo passo para os pesquisadores é automatizar o processo de segmentação dos linfonodos, um desafio manual que atualmente demanda muito tempo. A expectativa é que, uma vez refinada, essa plataforma possa ser implementada em ensaios clínicos e, eventualmente, ser integrada ao atendimento clínico, melhorando o controle da doença e a qualidade de vida dos pacientes.
Esse avanço representa uma esperança renovada para os pacientes com câncer de cabeça e pescoço, reduzindo o risco de tratamentos excessivos e seus efeitos colaterais, ao mesmo tempo em que otimiza as decisões médicas.
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